Uma das dores emocionais tida como a mais forte e devastadora
é a que uma pessoa traída pelo
cônjuge experimenta. Pessoas que passaram por esta experiência descrevem que
foi como se uma faca tivesse atingido seu coração, partindo-o.
Estudo científico feito pela Profa. Dra. Carmita
Abdo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo,
publicado com o título “Descobrimento Sexual do Brasil”, revela dados
alarmantes sobre o perfil de infidelidade dos brasileiros, homens e mulheres.
Nada justifica a traição num casal. Mesmo que
explique, não justifica. Justificar tem que ver com provar que houve uma razão
legal (dentro da lei) para o ato, ou significa tratar como justo um
comportamento ou ainda provar a existência de um motivo legítimo para o ato
realizado.
Trair não é justo.
O cônjuge que trai age injustamente. O cônjuge traído
talvez tenha sido injusto no sentido de ter privado o outro de atenções, sexo,
diálogo, companhia, etc. Ambos, traído e traidor, geralmente têm culpa no caso
de uma infidelidade no casamento. Na verdade, não há um carrasco e uma vítima.
Ambos erram.
Há casos em que o traidor age com traição de
maneira muito injusta, sendo, assim, muito mais culpado da situação de dor e
desmoronamento do relacionamento, tendo aberto uma ferida de muito difícil
cicatrização. Há pessoas que traem porque são compulsivas sexuais cujo cônjuge
não tem quase nenhuma culpa, se alguma, pelos constantes e freqüentes episódios
sexuais fora de casa deste indivíduo adicto ao sexo.
Trair é uma maldade. Também. Se o cônjuge traído
sempre foi fiel e fica sabendo da situação, instala-se uma dor de difícil cura.
Abre-se uma ferida cheia de “pus” de ódio, tristeza, estranheza, sensação de
estar casado agora com um inimigo, “sangra” muito. O que era íntimo, fica
afastado; o que era confiável, fica desconfiado; o que era amigo, parece
inimigo; o que era conhecido, fica estranho.
Dra. Abdo e equipe pesquisaram entre 3106 mulheres
brasileiras e encontraram que as que menos traem seu marido são as do Paraná
(19,3%) enquanto que as que mais traem são do Estado do Rio (34,8%). Outros
Estados ficaram assim quanto à percentagem de mulheres que traem (em média):
Pará 20,3%; Santa Catarina 23,3%; Mato Grosso do Sul 23,6%; São Paulo 24,1%;
Bahia 25,2%; Pernambuco 26,5%; Ceará 26,7%; Goiás 27,7%; Minas Gerais 29,5%;
Rio Grande do Norte 30,2% e Rio Grande do Sul 31,7%.
Quanto aos homens, os que menos traem são os do
Paraná também, mas mesmo assim com índice muito alto (43%). Depois vem São
Paulo com 44%; Minas Gerais 52%; Rio Grande do Sul 60%; Ceará 61% e o estado
com maior número de homens infiéis é a Bahia com 64%. Ou seja, em cada 100
homens baianos casados, 64 traem suas esposas em algum momento da vida segundo
este estudo da Dra. Carmita.
A prevalência de um “caso sexual” entre 6846
participantes da pesquisa mostrou o seguinte quadro: 50,6% dos homens brasileiros
admitiram ter tido um “caso sexual” com outra mulher, enquanto que 25,7% das
mulheres admitiram ter tido sexo com outro homem. Ou seja, em cada 100 homens
casados no Brasil, 50 tiveram um “caso” e em cada 100 mulheres casadas, quase
26 também tiveram contato extraconjugal sexual. Uma lástima e uma tragédia
indevidamente alimentada pela má mídia.
A internet favorece a infidelidade conjugal.
Pessoas casadas frustradas em seu casamento buscam “amor” virtual. Isto mascara
o problema e pode complicar as coisas. Cerca de 60% dos casos de traição
virtual termina em sexo real.
Uma pessoa casada que busca erotismo na internet
está maltratando seu casamento porque estará comparando injustamente seu
cônjuge com uma imagem pornográfica. Da mesma forma a pessoa casada frustrada
em seu matrimônio que busca romance na internet está afundando ainda mais seu
relacionamento e de uma forma injusta porque é muito fácil ser “amável”
virtualmente e mostrar uma imagem de incompreendido(a) ou vítima para a pessoa
no outro lado do chat. Ilusões são criadas e a coisa piora. E a verdade é que
uma pessoa “interessante” também tem problemas.
A saída para evitar a infidelidade conjugal passa
por diálogo sincero, humildade de ambos, marido e mulher, para aceitar
dificuldades pessoais e procurar ajuda para resolvê-las, aceitar a limitação de
todos os seres humanos para nos amar como sonhamos ser amados e aceitar o amor
possível, parar de ter obsessão pelo outro, e aprender que homem e mulher são
diferentes do ponto de vista comportamental o que produz a necessidade de
aceitar as limitações pessoais e a compreensão de que o outro nunca poderá
preencher todas as necessidades de cada um.