“A
justificação biológica para a maior - ou mais assumida - tendência masculina
para a infidelidade não é totalmente descabida. É pelo menos esta a conclusão
que se retira do livro Química do Amor e do Sexo, da professora universitária
Madalena Pinto. A testosterona - hormona que os homens produzem em quantidades
20 a 30 vezes superiores às mulheres - é a principal culpada.”
"Homens com menor tendência para o
casamento, ou com maior tendência para o adultério ou ainda com maior propensão
para o divórcio demonstram frequentemente um nível médio e alto de
testosterona", escreve a professora de Química Orgânica e Química Farmacêutica
e Medicinal na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Madalena Pinto.
Em declarações à agência Lusa, Madalena explicou que a motivação do seu
livro foi "aproximar a química de aspectos e de situações do
dia-a-dia". Sendo que, defendeu, no que diz respeito à infidelidade existe
"muita culpa no cartório" de hormonas e neuroquímicos.
A investigadora relacionou também com estas
variações o facto de alguns homens adormecerem depois da relação física e de
algumas mulheres esperarem ser "mimadas" por eles: Essa opção pelo
sono após o sexo, que a mulher pode interpretar como uma forma de rejeição, não
é, afinal, mais do que "um efeito de algumas substâncias químicas
cerebrais", explicou.
"Esses comportamentos não têm apenas uma
justificação química, esta é uma entre várias", ressalvou, explicando que
pesam ainda "fatores genéticos, psicológicos, ambientais ou
educacionais".
Ao DN, o sexólogo clínico Francisco Allen
Gomes alerta também contra a excessiva valorização da chamada "hormona do
amor" nestas situações, defendendo que "os aspectos químicos e os
aspectos psicossociais são igualmente importantes".
O clínico confirma que mandar analisar os
níveis de testosterona é um procedimento obrigatório perante um doente com
"falta de desejo, cansaço ou apatia". Mas também lembra que "há
homens com baixa testosterona que são sexualmente ativos e outros com índices
altos que não são".
De resto, embora considere "muito
complicado" identificar o perfil do homem infiel, Allen Gomes acaba por
considerar que essa natureza "é muito mais cultural do que outra
coisa".
Entre as possíveis influências, diz, podem
não só estar perturbações comportamentais como a realidade sociocultural da
pessoa. E até o período em que vive: "Numa certa época, o comportamento
pode ser mais aceite, nomeadamente entre os homens, e noutras não."